Por onde anda o professor Eli Sócrates?

Blog do Manoel Santos

Quando comecei a trabalhar como repórter da área política, na imprensa de São Luís, fui indicado para uma entrevista com um então candidato, chamado Eli Sócrates, que dizia ter o sonho de chegar à Assembleia Legislativa do Maranhão.

O candidato, que se apresentara como “amigo pessoal do Presidente Sarney”, fazia um desabafo, na Redação do jornal onde eu trabalhava, dizendo que seu nome havia sido riscado da chapa do PMDB às eleições de novembro de 1986 por 83 convencionais.

Mas Sócrates, com ar de alívio, logo acrescentara que a Executiva do partido havia decidido pela manutenção de sua candidatura. “Estou quebrando lanças. Sou muito invejado porque sou amigo particular do Presidente Sarney”, afirmou Sócrates que, naquela época, era uma figura muito conhecida em São Luís.

De origem humilde, negro, muito magro e conversador, ele dizia que tinha conseguido cativar o Presidente Sarney, que o conhecera durante uma viagem pelo interior de Pernambuco. Sócrates dizia que a facilidade do seu acesso ao Presidente e a seus filhos muitas vezes deixava irritados os políticos profissionais que na época gravitavam em torno do então Presidente da República.

Sócrates, no final de junho de 1986, conseguiu entrar na chapa do PMDB, como candidato a deputado estadual, dizendo que fazia parte da cota pessoal de indicações do então candidato ao Governo, na época o deputado federal Epitácio Cafeteira.

“Entrei na chapa, na cota do Cafeteira, a pedido do Presidente Sarney”, afirmara Sócrates.  A Executiva Regional do PMDB entendeu que não tinha como barrar Sócrates, pois o que estava sendo submetido aos convencionais era a chapa integral, e não os nomes individualmente.

Com isso, os que tentaram defenestrar Eli Sócrates, na convenção do PMDB, riscando o nome dele e persuadindo outros convencionais a fazê-lo fracassaram em seu intento.

“O que tentaram fazer contra mim foi uma atitude tão mesquinha e tão rasteira que imitou os vermes. Não foi apenas uma ação antidemocrática, para não dizer fascista, mas também uma atitude discriminatória de dupla face: racial e social”, desabafou Sócrates, na época.

Sentindo que os cardeais peemedebistas queriam miná-lo, Sócrates buscou a imprensa para denunciar que, juridicamente, era nulo o ato de vetar seu nome, pois já era candidato da chapa oficial do PMDB e da coligação.

“Para eu ser sacado da chapa, a esta altura do campeonato, só se for uma decisão autoritária, bem ao gosto dos falsos democratas, os mesmos que, não se curvando às decisões da convenção, passaram agora a me agredir, através de notas em jornais feitas por jornalistas de aluguel”, dissera Sócrates, logo no início daquela campanha, que faria de Cafeteira governador do Maranhão, na chapa da Aliança Democrática.

Apoio de Cafeteira – Num gesto que provocou admiração por parte de alguns integrantes do PMDB e repúdio por segmentos do Partido da Frente Liberal, o então deputado Epitácio Cafeteira veio a público para dizer que iria quebrar a barreira da discriminação e que iria bancar, por conta própria, a candidatura do professor Eli Sócrates a um mandato na Assembleia Legislativa do Maranhão.

Sócrates foi então um dos 55 nomes homologados na convenção do PMDB, na chapa de candidatos a deputado estadual, mas não conseguiu se eleger. Eis que, no final da semana passada, à cata de uns livros antigos, para minhas pesquisas habituais, acabei por encontrar nos guardados de meu arquivo pessoal a fotografia e o texto da entrevista que, há 27 anos, eu fizera com este ilustre personagem. Ele sumiu de cena; nunca mais se teve notícia dele. Por onde andará?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.