Ela foi a quarta mais votada nas eleições de outubro para a atual legislatura da Câmara Municipal de São Luís com 7.841 votos. A vereadora Helena Duailibe (PMDB) ganhou destaque após um movimento de alguns vereadores em torno do seu nome para lhe eleger presidente da Câmara, ocorrendo uma divisão do parlamento ludovicense em relação a sua candidatura.
Em entrevista exclusiva a O Imparcial, Helena fala pela primeira vez do seu futuro na Câmara e de como ficará agora a relação com o grupo de Pereirinha (PSL), que foi eleito presidente. A peemedebista espera agora que o palanque da eleição tenha sido desarmado e que os vereadores que votaram na chapa “Renovação Já” tenham direitos iguais aos do outro grupo.
Helena tem a saúde como sua principal bandeira na Câmara, deixando-se a disposição com o atual secretário, prefeito e da população para contribuir e buscar melhorias na saúde pública municipal. Ela explicou como foi sua saída do grupo de Pereirinha e a elaboração de sua candidatura à presidência da Casa, que segundo a vereadora, não teve nenhuma participação do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC).
A parlamentar promete ser atuante na disputa eleitoral em 2014, quando seu marido Afonso Manoel (PMDB) concorre à reeleição de deputado estadual. Ela ainda conta que quer estar a frente da Comissão de Saúde da Câmara. Para Helena, Rose Sales (PC do B) e Edmilson Jansen (PTC) são os dois melhores nomes para ocupar o espaço de líder do governo Edivaldo no parlamento.
Vereadora, a senhora é médica de formação e atua até hoje na área. Como a senhora enveredou pelos caminhos da política?
O médico do serviço público tem uma proximidade muito grande com pessoas carentes. Quando eu casei com Afonso Manoel (deputado estadual), ele era superintendente do Supermercado Lusitana, e eu também tinha proximidade com os funcionários, suas famílias, e comecei a perceber a falta de políticas públicas para estas pessoas. A minha formação religiosa também me fez acompanhar problemas da nossa cidade. Tive cargos públicos e assim despertei para a política.
O seu marido, deputado Afonso Manoel, é um político de muita estrada, agora os dois exercem cargos legislativos. Existe alguma influência de um no caminho político do outro?
Eu só comecei na política partidária na gestão passada (2008). Antes, eu acompanhava o Afonso. Eu era presidente do diretório municipal do PSB e fui convidada para ser vice-prefeita. Meu papel sempre foi de retaguarda. Como vice-prefeita não participei da administração. Agora será de fato a primeira experiência eu com mandato.
A senhora passou quatro meses como Secretária de Saúde do Município, quando o prefeito João Castelo a retirou do cargo e a agora senhora tomou novo caminho político. Deu para ter alguma impressão sobre o cargo? Ficou um sentimento de desapontamento com a forma como a senhora saiu?
Todo começo de gestão, exatamente como está agora no governo Edivaldo, o primeiro momento é de organizar, saber o que está recebendo. Não deu tempo nem de eu organizar e saber o que recebia quando saí. Minha relação foi muito difícil desde o primeiro dia de governo. Muitos me criticaram por não ter reclamado como fui exonerado, soube através da imprensa. Mas acho que deveria respeitar decisões. Vice-prefeita era um mandato que me foi dado pelo povo. Eu fui eleita. Mas secretário é um cargo do prefeito, e se ele não me deixou administrar, eu tinha que aceitar.
O seu nome era um dos cogitados para a secretaria de Saúde da atual gestão e sempre parecia animada com a possibilidade. Espera voltar a este cargo um dia?
Na verdade, com a experiência que eu tenho hoje, me faz ter vontade de voltar ao cargo. Estive na Secretaria de Saúde do Estado e Município. Mas não é pelo fato de não ser a secretária que não estarei contribuindo. A secretaria está em boas mãos e agora quero viver um novo momento que é o de vereadora. O Dr.Vinicius Nina foi diretor do Hospital Universitário fez um grande trabalho por lá e tem competência para fazer uma excelente administração a frente da Saúde. Eu estou à disposição dele e do prefeito para ajudar no que for preciso, apresentar meus conhecimentos sobre a área.
A sua relação com a área da Saúde dá um indicativo de ser sua principal bandeira na Câmara. Quais serão as suas outras áreas de atuação?
Agora eu sou uma vereadora e tenho que atuar em todas as áreas. Eu sempre dizia na minha campanha que saúde tem um conceito moderno. Saúde é Educação, Meio Ambiente, habitação, etc. Quem não tem condições de moradia decentes, está suscetível a doenças. Vou atuar muito na questão das drogas, onde ainda estamos muito frágeis. Isto passa pela educação e oportunidade de trabalho. São Luís é a capital brasileira com maior mortalidade materna e um das com maior índice de câncer de colo de útero. Temos que trabalhar muito na prevenção. Vou criar uma ouvidoria no meu gabinete para saber o que a cidade está necessitando. Quero ser um elo entre a população e o Executivo.
Quais suas expectativas com relação ao governo do prefeito Edivaldo Holanda Júnior?
Temos que trabalhar juntos. Eu acredito muito no prefeito Edivaldo Holanda Júnior. Não medirei esforços para ajuda-lo. Vou bater palmas toda vez que acertar, mas vou criticar quando achar que está errado. Acho que este é o verdadeiro amigo. O governo que está chegando não tem varinha de condão. A sociedade como um todo tem que dar um tempo. Tem que deixar o prefeito ter tempo de organizar a ‘casa’ e tomar as ações. Sabemos que toda a cidade sabe o quando precisa de uma reorganização. Temos que dar as mãos para o prefeito. Ele tem dado uma grande mostra de grandeza ao iniciar a sua administração discutindo com a sociedade, com os sindicatos, o caminho é esse.
Em sua opinião, quem deve ser o líder do governo na Câmara?
Esta é uma decisão que cabe somente ao prefeito. Mas eu percebi durante esta convivência, que duas pessoas que podem desempenhar bem este papel são os vereadores Rose Sales e Edmilson Jansen.
A senhora tem uma pretensão de concorrer a outro mandato em 2014?
Em 2014 o meu marido, Afonso Manoel, de se reeleger deputado estadual e eu vou ajuda-lo muito. Eu pretendo ficar meu mandato inteiro como vereadora.
O seu partido PMDB ficou divido nesta disputa pela presidência da Câmara. Ficou alguma ferida após esta disputa?
O presidente municipal do meu partido, o deputado estadual Roberto Costa me apoiou. O Fábio Câmara não me apoiou, mas eu respeito opiniões. Para mim, acabou a eleição e acabaram todas as nossas divergências. Para mim, dia 1º acabou a eleição e não tem rancor nenhum. Agora todos os 31 tem que ficar unidos em torno de uma causa: a população de São Luís
Gostaria que a senhora explicasse como se deu o processo de sua candidatura à presidência da Câmara. Como foi pensada a candidatura? Existiu a participação do prefeito Edivaldo Jr.?
Logo após as eleições, o Pereirinha me convidou para fazer parte de um grupo onde qualquer um poderia ser o candidato. Depois, houve a indicação dele para ser o presidente. Disse que tinha a construção da nova sede e do Plano de Cargos. Foi um consenso que ele seria o presidente. Então começamos a ver como ficariam os outros cargos. Aí começaram as divergências. Nós tínhamos a indicação do Pedro Lucas para ser 1º secretário. Mas já existia uma indicação de um pequeno grupo. Assim, nós começamos a discutir uma série de outras coisas, e comecei a achar que eu estava muito mais identificada com o outro grupo e que as nossas ideias eram mais parecidas. Este outro grupo propôs que eu fosse a presidente. Então entrei na disputa. Quando acabou a eleição eu parabenizei o Pereirinha e acabou. O prefeito não participou em nenhum momento deste processo. Foi uma discussão entre vereadores. Um grupo fez o movimento e aconteceu. Não acho legal dizer ‘eu vou para quem ganhar’. Tem que ter projeto. Agora, nós respeitamos a vitória da maioria.
A senhora sentiu alguma modificação na relação com Pereirinha? Acredita que vai haver alguma retaliação como ficar fora de comissões?
Eu não acredito que esteja tendo qualquer retaliação de Pereirinha. Fui à Câmara na semana passada e fui muito bem tratada pelos diretores. Eu acho que o político tem que enxergar que a população está à frente disso. Eu, por exemplo, tenho muito a contribuir na Comissão de Saúde. Acredito que não serei excluída porque não votei no Pereirinha. Tenho certeza que o grupo de lá não tem esta visão errada. O Pereirinha sabe que é presidente de 31 parlamentares e não dos que o elegeram.
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