Da Folha.com
O ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) disse nesta terça-feira (17) que seu ministério perderá R$ 12 bilhões em arrecadação caso seja alterada a distribuição dos royalties do petróleo.
Somente neste ano, segundo ele, a perda chegaria a R$ 900 milhões. As declarações foram feitas durante o 23º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos, que acontece na sede do BNDES no Rio de Janeiro.
Para o ministro, parte dos “dirigentes do país” não tem uma visão de longo prazo para a aplicação dos recursos oriundos de royalties e participações governamentais a serem geradas pela produção futura do pré-sal.
Mercadante defende uma distribuição menos concentrada em Estados e municípios, e quer a aplicação majoritária dos recursos em um fundo soberano destinado a investimentos em educação, ciência e tecnologia.
Somente dessa forma, diz, o Brasil poderá dar um salto de qualidade nessas áreas, que são importantes para promover o desenvolvimento.
BALANÇA COMERCIAL
Mercadante afirmou ainda que importantes setores de alta tecnologia têm pouca participação na balança comercial brasileira –como fármacos e medicamentos, bens de capital e equipamentos para telecomunicações– e demandam mais investimento e financiamento público.
O presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Glauco Arbix, afirmou que a instituição precisa multiplicar por dez o seu orçamento a fim de conseguir equacionar as necessidades de financiamento a inovação, tecnologia e pesquisa e desenvolvimento.
Para Arbix, há necessidade de que ao menos 30% dos investimentos globais do país sejam destinados a essas áreas.
No ano passado, a Finep financiou R$ 4 bilhões, segundo Arbix. Mas seria necessário um orçamento de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões nos próximos dez anos para fazer frente a um projeto de promoção de inovação e tecnologia.
Tanto Mercadante quanto Arbix defenderam, ainda, uma maior articulação das instituições de pesquisa com o setor privado, algo que ocorre muito pouco atualmente.