André Fufuca concedeu entrevista na antessala da presidência da Câmara. Enquanto isso, deputados faziam reuniões no gabinete oficialmente comandado por Maia, que também subiu um degrau e ocupa interinamente a Presidência da República. “As pessoas sabem que eu não tenho a tinta. O presidente de fato é o Rodrigo Maia. Qualquer ato meu pode ser revogado por ele”, afirmou o jovem deputado do PP. Confira a entrevista:
Por que a comoção com a sua presença na presidência da Câmara? Há um preconceito em relação à minha pouca idade. O presidente mais jovem que tinha assumido a presidência da Câmara tinha 35 anos – eu tenho 28. Quem me critica não sabe nada de mim. Não sabe que sou médico de formação, que já fui deputado estadual, presidente de comissões e relator de CPIs. Eu tenho uma certa história. Não é tão grande, mas, comparada a de alguns, já é considerável. Então eu deixo de mão.
Mas essa visibilidade não foi positiva para o senhor? Eu conheço muito bem quem eu sou e isso não me afeta. Eu tenho uma qualidade muito grande de autoavaliação e sempre tenho me avaliado de forma positiva.
O senhor logo virou alvo de memes e brincadeiras. Achou ofensivo? Alguns eu achei engraçados, originais e até divertidos. Não vi maldade. O que mais tem são brincadeiras com as bochechas. Recebo mensagens de todos os jeitos. Dizem: a sua bochecha é fofa, fofucha, essas coisas aí. Mas eu nem respondo.
Na presidência, o senhor recebeu algum pedido especial? Não, não. As pessoas sabem que eu não tenho a tinta. O presidente de fato é o Rodrigo Maia. Qualquer ato meu pode ser revogado por ele.
O que mudou na sua rotina? Eu sempre tive um diálogo com todos os deputados. Então, vou ao plenário e recebo o carinho deles. Várias pessoas, no início, disseram que ia ter instabilidade comigo na presidência e que eu não teria condições de conduzir uma sessão. Mostrei que dava para conduzir tudo com tranquilidade. Show de bola.
Dois ex-presidentes da Câmara estão presos. O senhor responde a alguma ação na Justiça? Eu não respondo a nenhum processo. Alguns poderiam usar isso como um instrumento de engrandecimento. Mas não vou me gabar em relação a ninguém.
Como o senhor conheceu o Eduardo Cunha? Foi na eleição dele à presidência, em janeiro de 2015. O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) me apresentou para ele. Eu vejo várias pessoas criticarem o Eduardo pela situação em que ele se encontra. Se falarem o nome dele, até arrepiam. Comigo não, ele é meu amigo. Minha amizade com ele é notória, nunca neguei. Mas minha questão com ele é de amizade, não é de política.
Dizem que o Eduardo Cunha financiou a campanha de muitos deputados. Não tive nenhuma ajuda de campanha. Zero.
Qual legado o senhor quer deixar como presidente da Câmara? Quero deixar a sensação de dever cumprido. Saber que nós conseguimos avançar em votações importantes e fizemos o nosso papel. A sociedade aguarda a reforma política e nós precisamos dar uma resposta. Não podemos entrar em ano de eleição sem definir nada. Isso mostraria um clima de frustração enorme em relação ao Congresso. Essa é uma das questões que eu quero avançar e seria o maior legado.